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Sustentabilidade & Futuro

China domina energia eólica com turbinas gigantes que superam Torre Eiffel

Redação

29 de agosto de 2025

Na província de Guangdong, sudeste da China, entrou em operação a “OceanX”, a maior turbina eólica marítima já instalada no mundo. Com capacidade de geração anual estimada em 5.400 milhões de kWh, o suficiente para garantir o abastecimento de cerca de três mil residências por um ano inteiro, a turbina representa um marco na corrida global pela transição energética. Seus números impressionam: são 16,6 megawatts de potência e uma área de varredura superior a 52 mil metros quadrados — equivalente a sete campos de futebol — que permite capturar os ventos oceânicos com um grau de eficiência sem precedentes.


A plataforma flutuante está localizada no campo eólico de Qingzhou, em Yangjiang, e simboliza o avanço tecnológico chinês em um setor estratégico. Enquanto países europeus e os Estados Unidos enfrentam dificuldades crescentes para sustentar projetos de energia eólica offshore, a China não apenas supera os desafios como reduz os custos a patamares inéditos. Segundo a BloombergNEF, o preço médio da energia produzida por turbinas marítimas chinesas já está em menos da metade dos valores praticados no Reino Unido, uma diferença que escancara a nova geografia da competitividade energética mundial.


Esse contraste se reflete em dados recentes. Em países como a Alemanha, leilões de energia eólica têm recebido zero propostas, resultado de uma conjunção de fatores que incluem altos custos de financiamento, burocracia regulatória e a falta de coordenação entre governos e empresas. Já na China, a combinação de incentivos políticos, integração verticalizada da cadeia de suprimentos e ganhos em escala tem impulsionado uma velocidade de expansão que nenhum outro país consegue acompanhar.


Analistas do Trivium China observam que os fabricantes chineses não apenas reduziram custos, mas também consolidaram uma vantagem estrutural difícil de ser replicada no Ocidente. A pesquisadora Yujia Han, do Global Energy Monitor, destaca que a força dos projetos chineses está na soma de condições favoráveis: financiamento abundante, tecnologia em rápida evolução e a capacidade de mobilizar recursos humanos e industriais de forma centralizada. Essa fórmula tem garantido resultados concretos em pouco tempo, transformando regiões como Guangdong em polos globais da energia renovável.


No complexo industrial de Yangjiang, a cena é reveladora. Linhas de montagem reúnem dezenas de trabalhadores especializados que lidam com pás eólicas de mais de 100 metros de comprimento, estruturas colossais que lembram pranchas de surf gigantes e que, uma vez instaladas no mar, formam uma paisagem que mistura potência tecnológica e a busca por sustentabilidade. Apenas Guangdong projeta instalar 18 gigawatts de capacidade offshore até 2025, número que supera sozinho a soma histórica de todos os países do mundo fora da China.


A dimensão geopolítica, porém, ainda é um entrave. Apesar do domínio tecnológico, empresas chinesas enfrentam barreiras comerciais impostas por países europeus e pelos Estados Unidos, que pressionam por medidas de restrição contra a importação de turbinas. O movimento revela um paradoxo: a mesma tecnologia que poderia acelerar a descarbonização global é limitada por disputas de mercado e tensões políticas. Ainda assim, executivos do setor, como Zhang Qiying, presidente da Mingyang Smart Energy, demonstram confiança de que essas barreiras serão superadas e que a energia eólica marítima poderá se tornar, em breve, mais limpa e mais acessível em escala mundial.


O avanço da OceanX e de outros projetos semelhantes mostra que a transição energética já não é apenas uma questão ambiental, mas também um campo de disputa econômica e estratégica. Enquanto alguns países recuam diante das dificuldades, a China assume o protagonismo e se posiciona como a grande fornecedora de soluções renováveis no século XXI. O que está em jogo, no fim das contas, é mais do que a produção de energia: trata-se da redefinição das bases de poder num mundo que corre contra o tempo para reduzir emissões e mitigar os efeitos da crise climática.

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