Sustentabilidade & Futuro
China apoia ideia de fundo florestal, mas diz que países ricos devem pagar a conta
Gustavo Freitas
11 de novembro de 2025

Segundo reportagem do South China Morning Post, a China informou ao Brasil que apoia, em princípio, a iniciativa do fundo TFFF, mas não pode se engajar ainda como financiadora. A justificativa é alicerçada no princípio de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas” — em vigor desde a Rio Earth Summit de 1992 — pelo qual países desenvolvidos teriam maiores obrigações para reduzir emissões e prover recursos, uma vez que construíram sua prosperidade sobre combustíveis fósseis.
Fontes brasileiras relataram que a recusa da China surpreendeu Brasília, que esperava contar com a segunda maior economia do mundo como grande apoiadora inicial do fundo criado para dar apoio permanente à proteção de florestas tropicais.
A China já vinha adotando esse posicionamento: embora tenha avançado em cortes de emissões e na transferência de tecnologia, ela usualmente evita assumir o papel de doadora direta em fundos multilaterais, sustentando que seu papel se dá mais pelo “desenvolvimento interno” e tecnologia, e não por contribuições externas.
Para o Brasil, essa posição representa um contratempo político e diplomático, justamente no momento em que busca dar visibilidade internacional ao TFFF e atrair compromissos de países emergentes e desenvolvidos. A iniciativa brasileira visa criar um mecanismo de financiamento permanente para que nações tropicais possam proteger suas florestas com menores dependências das doações tradicionais do Norte global.
Resta agora ao governo brasileiro mobilizar outros países e blocos internacionais para preencher a lacuna deixada pela China, enquanto trabalha para convencer Pequim a rever sua postura em momento futuro.
Foto de Paulo Mumia/COP30




