Um enviado do Kremlin propôs a construção de um túnel submarino ligando os Estados Unidos e a Rússia, sugerindo que a obra poderia ser realizada com a ajuda da The Boring Company, do bilionário estadunidense Elon Musk. Kirill Dmitriev, enviado de investimentos do Kremlin, afirmou que o projeto de 112 quilômetros de extensão entre a Sibéria e o Alasca funcionaria como uma "ligação ferroviária e de carga" que "desbloquearia a exploração conjunta de recursos" entre os dois países.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prometeu "perfurar, baby, perfurar" durante seu segundo mandato, declarou a repórteres que considerava a proposta "interessante" durante um encontro na Casa Branca com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy. Durante a reunião, Trump voltou-se para Zelenskyy perguntando sua opinião sobre o túnel, ao que o líder ucraniano respondeu que "não estava feliz com essa ideia", demonstrando as tensões geopolíticas envolvendo o projeto.

Dmitriev, que também é CEO do Russian Direct Investment Fund, sugeriu ainda que os Estados Unidos poderiam se juntar à Rússia e China em projetos conjuntos de "hidrocarbonetos no Ártico", referindo-se à expansão da perfuração de petróleo. "Certamente, a Rússia está de olho na oportunidade de projetos conjuntos Rússia-China-EUA, incluindo na região do Ártico, especificamente no setor de energia", afirmou Dmitriev no mês passado, segundo a agência de notícias russa TASS.

As propostas para conectar os dois países pelo Estreito de Bering, que tem 82 quilômetros em seu ponto mais estreito, existem há pelo menos 150 anos. Dmitriev mencionou que um plano para uma "Ponte da Paz Mundial Kennedy-Khrushchev" sobre o estreito havia sido discutido durante a Guerra Fria, postando um esboço daquela época mostrando a rota que poderia ter sido tomada, com um gráfico indicando o trajeto que o novo túnel poderia seguir.

Os posts de Dmitriev promovendo o projeto do túnel ocorreram enquanto Trump e Putin mantinham uma ligação de duas horas na quinta-feira à noite, antecedendo um encontro planejado na capital da Hungria, Budapeste, que Trump afirma ocorrerá dentro de duas semanas. O Kremlin também confirmou o encontro, estabelecendo o contexto diplomático para as discussões sobre projetos de infraestrutura de grande escala entre as duas potências.

"A hora chegou de fazer mais e conectar os continentes pela primeira vez na história humana", declarou Dmitriev, enfatizando o caráter simbólico do projeto em meio às complexas relações bilaterais. A proposta surge em um momento de reconfiguração das alianças geopolíticas e de possíveis realinhamentos estratégicos que poderiam redefinir as dinâmicas de poder na região do Ártico e além.