O vice-presidente Geraldo Alckmin defendeu, nesta segunda-feira (17), durante discurso na COP30 em Belém, que o mundo precisa triplicar a geração global de energia renovável e dobrar a eficiência energética até 2030 para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. Segundo ele, “o tempo da hesitação acabou”, e a conferência deve marcar um ponto de virada em direção à implementação efetiva das metas climáticas. As metas citadas por Alckmin se alinham à avaliação científica de que, sem uma transformação acelerada da matriz energética mundial, o limite de 1,5°C pode se tornar inatingível.

Alckmin afirmou que a capacidade instalada de energias renováveis no planeta ainda está muito aquém da necessáriapara cumprir os objetivos do Acordo de Paris e ressaltou que o atraso global compromete tanto a estabilidade climática quanto o desenvolvimento econômico de países vulneráveis. Ele também destacou que ganhos de eficiência energética são essenciais para conter emissões — especialmente em setores como indústria, transporte e infraestrutura urbana, onde o consumo de energia ainda cresce de forma acelerada.

O vice-presidente enfatizou ainda que a transição energética precisa ser econômica e socialmente justa, gerando emprego, renda e oportunidades em diversas regiões. Ele citou como exemplo a ampliação da mistura obrigatória de biocombustíveis no Brasil — com etanol chegando a 30% da gasolina e biodiesel a 15% do diesel — como parte de uma estratégia nacional para reduzir emissões e estimular mercados sustentáveis.

Durante o discurso, Alckmin reafirmou o compromisso brasileiro de zerar o desmatamento ilegal até 2030 e vinculou a proteção da Amazônia ao avanço da transição energética global. Para ele, conservar a floresta significa proteger povos tradicionais, fortalecer a bioeconomia e garantir que países em desenvolvimento tenham condições de participar da nova economia verde sem sacrificar seu bem-estar social.

A fala também ocorreu no contexto do lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma iniciativa multibilionária que pretende financiar a proteção de florestas tropicais e ampliar o uso de soluções baseadas na natureza. Alckmin reforçou que esse tipo de investimento é indispensável para que países amazônicos possam conciliar crescimento econômico, preservação ambiental e combate à pobreza.

Ao final, o vice-presidente fez um apelo direto aos negociadores presentes em Belém. Ele afirmou que a COP30 não pode repetir ciclos anteriores de boas intenções sem implementação e que as decisões tomadas nas próximas semanas — especialmente em transição energética, financiamento climático e proteção florestal — definirão “a vida das próximas gerações”. A mensagem, segundo ele, é clara: “O tempo de agir é agora.”

. Foto: Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR