Política & Mundo

Aleffe Gama
Estrategista e consultor de marketing político, com experiência em coordenação de dezenas de campanhas eleitorais pelo Pará
Lula não é presidente pela terceira vez por acaso
27 de outubro de 2025

A reunião entre o presidente Lula e Donald Trump, na Malásia, não foi apenas um encontro diplomático. Foi uma demonstração de estratégia política e de percepção de momento. Enquanto muitos ainda tentam entender o significado dessa conversa, quem observa pela lente do marketing político enxerga algo mais profundo: Lula sabe transformar cada gesto em narrativa, cada negociação em construção de imagem, cada oportunidade em posicionamento.
Lula se apresenta ao mundo, e especialmente ao eleitor brasileiro, como alguém que não tem medo de sentar à mesa com a maior economia do planeta e defender o Brasil. Ele não fala de submissão, fala de equilíbrio. Ao discutir tarifas e acordos comerciais, ele reforça o discurso de que é possível negociar sem ser refém. É o tipo de atitude que comunica poder, maturidade e liderança, e que repercute fortemente entre os que querem um presidente que saiba lidar com o mundo sem se ajoelhar diante dele.
Ao mesmo tempo, Lula mostra sensibilidade política ao aproveitar as fragilidades do seu principal adversário, Jair Bolsonaro. Durante o governo anterior, o Brasil viveu isolamento internacional e desgastes com parceiros estratégicos. Lula usa esse contraste para se reposicionar como a figura que recoloca o país na rota das grandes decisões globais. A imagem que passa é de que o Brasil voltou a ter voz, e isso tem um valor simbólico imenso dentro da disputa política nacional.
O eleitor médio pode não acompanhar todos os detalhes da geopolítica, mas entende sinais. Ver o presidente lado a lado com Trump, falando de comércio, parcerias e soberania, é perceber que o país não está à margem. É sentir que existe comando, que existe rumo. É essa percepção que alimenta a credibilidade e mantém viva a sensação de que o governo está em movimento. No marketing político, isso é ouro. A sensação de liderança é tão poderosa quanto o resultado concreto, porque molda confiança.
Lula domina essa arte. Ele negocia sem perder o tom, fala com grandes líderes sem parecer menor, e transforma cada gesto internacional em capital político interno. Essa habilidade não é sorte nem acaso. É experiência, leitura de cenário e compreensão de que política se faz com símbolos e sinais. Enquanto muitos ainda olham apenas para as palavras, Lula sabe que a imagem de um presidente seguro, que fala em nome de um Brasil que voltou a ser ouvido, comunica muito mais.
Lula não é presidente pela terceira vez por acaso. Ele entendeu que governar é também convencer. Que o jogo do poder se vence com gestos precisos, e que saber negociar, sem se submeter, é o que separa o político do estadista.




