Política & Mundo
Maduro em alerta sobre operação da CIA na Venezuela
Redação
16 de outubro de 2025

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou formalmente que autorizou operações encobertas da CIA dentro da Venezuela, marcando uma reconfiguração significativa da postura americana sobre a crise venezuelana. Além disso, ele sugeriu que operações terrestres “podem entrar em consideração”, ampliando o escopo da intervenção além do mar do Caribe. Essa escalada ocorre após uma série de ataques recentes contra embarcações venezuelanas no espaço marítimo caribenho — ações que, segundo Washington, visam desmantelar redes de narcotráfico.
O anúncio provocou reação imediata em Caracas. Nicolás Maduro, em pronunciamento no Conselho Nacional pela Soberania e pela Paz, lamentou a decisão como reminiscente de antigas intervenções estrangeiras na América Latina, mencionando indiretamente golpes e operações da CIA contra regimes progressistas ao longo da história regional. Ele conclamou o povo venezuelano e as forças armadas a resistirem a qualquer tentativa de mudança de regime impulsionada de fora, afirmando que “guerra e golpes” não são aceitos pela América Latina.
No plano diplomático, a movimentação americana reacende debates sobre a legalidade das operações. Especialistas já questionam sob quais bases jurídicas os EUA vêm conduzindo ataques a embarcações internacionais, e se a autorização para ações dentro do território venezuelano não ultrapassa os limites do direito internacional. A presença naval dos EUA no Caribe — com navios de guerra e um submarino nuclear — reforça a percepção de demonstração de força, enquanto Caracas acusa Washington de dissimular objetivos de controle estratégico com motivação de segurança nacional.
Historicamente, operações encobertas da CIA e tentativas de intervenção têm marcado a fronteira sensível entre diplomacia e ameaça militar na América Latina. No caso da Venezuela, a estratégia americana se insere em um contexto em que as sanções, a pressão multilateral e o desgaste econômico já vinham sendo empregadas como instrumentos para isolar o governo Maduro. O anúncio de Trump pode indicar uma virada para um estágio mais direto de confrontação, no qual o controle do espaço marítimo e terrestre se sobrepõe ao debate diplomático.
O momento é particularmente delicado também por conta das denúncias recentes sobre os ataques a embarcações venezuelanas, feitos sob a justificativa de operações anti-drogas. Ao todo, cinco ataques já foram confirmados, com mortes que ampliam os riscos de escalada e repercussão internacional. Para muitos analistas, a fronteira entre combate ao crime transnacional e ingerência política está se tornando cada vez mais tênue nessa estratégia dos EUA — o que projeta uma nova fase de tensão na relação bilateral entre Washington e Caracas.




