O governo dos Estados Unidos impôs restrições ao visto do ministro da Saúde Alexandre Padilha, impedindo sua participação presencial no 62º Conselho Diretor da Organização Pan-Americana de Saúde em Washington. Padilha participou por videoconferência do evento que reúne autoridades de saúde das Américas.

O ministro brasileiro criticou a decisão americana e atacou políticas consideradas negacionistas na área de saúde. "Não precisamos de restrição a autoridades, nem bloqueios a países. O que precisamos é restringir as doenças, como o sarampo que se espalha a partir da América do Norte", afirmou Padilha em seu discurso.

Padilha garantiu que a decisão dos EUA não restringirá a circulação das ideias do Brasil. "Podem impor tarifas abusivas, mas não vão impedir nossa vocação para a cooperação entre os povos das Américas."

O ministro também criticou a desinformação e o negacionismo científico. "Quando o negacionismo é impulsionado por líderes de governo, vimos isso na pandemia da covid-19, milhares de vidas e a unidade entre as nações são perdidas."

Padilha enfatizou a necessidade de recursos para pesquisas na área de imunização e alertou sobre cortes em programas de vacinação. "Por isso, precisamos agir diante dos cortes em programas de vacinação e de pesquisas, um retrocesso para a ciência, uma ameaça à vida."

O ministro destacou que o Brasil pretende ampliar a participação para garantir produtos mais acessíveis para todas as Américas. "Precisamos construir pontes entre os povos americanos, não barreiras ou muros. Ao contrário da aqueles que nos restringem, vamos continuar a defender as vacinas, a ciência e os sistemas públicos de saúde."

Padilha disse que é preciso manter a cooperação com instituições e empresas das Américas e do mundo para a produção de vacinas e medicamentos. "As portas do Brasil estão abertas à ciência e à inovação", afirmou o ministro, convocando pesquisadores e empresas de vacina de RNA mensageiro para atuarem no país.

O ministro ainda recordou que o Brasil entregou à OPAS um relatório que destaca a redução da transmissão vertical do HIV e também a diminuição em 75% do número de mortes causadas pela dengue neste ano.